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domingo, fevereiro 27, 2005

Dusky Blues in red

What if I told you
What if I thought you were me?
What if I saw myself in you?
What if I sang with a dusky voice
A song of blue, for you...

In a dark red atmosphere
The sound of a piano in the air
Maybe a classic bass to deepen the melody...

What if you liked it?
What if I danced too?
What if you told me you loved me?
What if I didn’t believe you?
So wrong I would be...

Hurting you, and thus myself, so deeply
Deeper than the bass chords
That garnish my song of blue...

For you.

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Notinha de rodapé: hoje estou aqui.




domingo, fevereiro 20, 2005

Texto para uma personagem esquizofrénica

Dunas a perder de vista.
Uma serpente contorce-se na areia.
Calor escaldante.
Grãos. Aos milhões.
Ironia.
Amargura.
Coragem.
Generosidade. Quase te incomoda.
Viaja para te libertares.
Amor diluído.
Rotina.
Curiosidade.
Entranhas em tumulto.
Fim de tarde de fogo.
Quando voltares,
Dançará para ti como a serpente
O ventre nu, exposto.




sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Agradecimento e apelo

Quero deixar aqui um grande agradecimento à tounalua. Obrigada pela paciência que tiveste em deixar-me na caixinha de comentários, todas as instruções de que precisava para poder partilhar convosco alguns dos sons que me acompanham.

Quero também agradecer ao jm pela preciosa dica. Assim será mais fácil para mim encontrar a versão que me fascinou naquela 2ª feira. LOL E partilhá-la também aqui no barzinho, claro! :)

Quero desejar um excelente fim-de-semana a todos. E claro, não se esqueçam de votar no Domingo!!! Conscientemente! São os próximos 4 anos que estão em causa!!




quinta-feira, fevereiro 17, 2005

“Tico-tico no fubá" ou como se descobrem coisas novas nas coisas mais antigas

Foi na segunda-feira à noite. Ia eu a caminho da fisioterapia. O meu pai ia a conduzir e ligou o rádio. Uma reportagem sobre uma bienal luso-brasileira, de pintura, a decorrer em São Paulo era intercalada com música popular de ambos os países. Anunciaram uma versão para piano de “Tico-tico no fubá”. Não consegui apreender o nome do intérprete. Na altura não dei grande importância, hoje corro atrás de tal versão e ainda não encontrei. Que pena. Comecei automaticamente a assobiar a melodia. Fui calando o assobio. O espanto tomou o lugar da arrogância de quem pensa que conhece. A negligência votada ao antigo e aparentemente esgotado deu lugar à admiração. Começou por me cair o queixo por causa da dificuldade técnica do ritmo, sobretudo quando transposta a peça para piano. Depois comecei a sentir-me invadida pela curiosidade. Apercebi-me de que nem a letra sabia. Pelo menos sabia que tinha letra. Lembro-me de um antigo “teledisco” da Carmen Miranda com a sua famosa fruteira à cabeça. Sorriso de orelha a orelha e lábios carmim numa televisão a preto e branco.

As surpresas não terminaram aqui. Facilmente descobri a letra neste mundo gigantesco que é a Internet. E apaixonei-me. Sim, apaixonei-me. A música “tico-tico no fubá” passou a ser a minha segunda paixão. A primeira é o namorado. Tenho outras. Romãs, por exemplo. Ou Arsène Lupins equinos. Mas para mim, música rica em termos melódicos e de composição, combinada com letra sobre passarinhos, alimentação e procriação é simplesmente irresistível. Ou por outras palavras, o canto da natureza e da luta constante pela sobrevivência ao seu nível mais fundamental comove-me. É como se fosse uma ode à inocência esquecida. Eu gosto. É simples.

Nota da limA: só tenho pena de não ter podido colocar aqui no site uma versão que encontrei, tocada por uma brass band. Simplesmente irresistível! Se alguém tiver a amabilidade de me explicar como se põe som num blog, eu agradeço e ponho a versão de “tico-tico no fubá” que encontrei. E outros sons que me tocam.

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TICO-TICO NO FUBÁ
Compositores: Eurico Barreiros e Zequinha de Abreu

Um tico-tico só, um tico-tico lá
Já está comendo todo o meu fubá
Olha, seu Nicolau, que o fubá se vai
Pego no meu pica-pau e um tiro sai... coitado

Então eu tenho pena do susto que levou
E uma cuia cheia mais fubá eu dou
Alegre, já voando, piando
Meu fubá, meu fubá, saltando de lá pra cá

[Solo]

Houve um dia lá que ele não voltou
E seu gostoso fubá o vento levou
Triste fiquei, quase chorei
Mas então vi logo depois
Já não era um... mas, sim... dois

Tiveram seu ninho e filhinho depois
Todos agora pulam ali, saltam aqui
Comendo sempre o fubá
Saltando de lá pra cá

[Solo]

Um tico-tico só, um tico-tico lá...

(retirado do site)




terça-feira, fevereiro 15, 2005

"MrX" (co-autoria)



Desabafos de uma equipa de médicos em início de caminhada académica.




"Equipe A.B."



Situações do quotidiano brasileiro relatadas e denunciadas sob a forma de crítica satírica.




segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Declaração



Roma. Romã. romA. Maro. Mora. Omar. Ramo. Amo-te.

Em Roma, cidade de romãs (não verdadeiro), etiquetam-se CDs por ordem de existência: romA. Maro, de nome impensável e aparentemente masculino, viaja de Roma a Mora, cidade alentejana. Omar referindo-se a esse mar imenso que Maro não atravessa, mas com erro de dactilografia. Ou talvez a esse eterno egípcio, marroquino ou mouro que Maro nunca conhecerá. Leva na mão um ramo de romãzeira com um fruto na ponta. E com os vermelhos bagos de romã madura, escreve no chão de Mora:

Amo-te.

E tu lês aqui esta rebuscada e surrealista declaração... Espero que gostes de romãs!

(14 de Fevereiro de 2005, Valentine's day)




sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Correntes de ar



Um dia resolveu livrar-se de todos aqueles filamentos maleáveis, mas nem sempre flexíveis que lhe cresciam da cabeça. Nunca conseguia fazer deles o que queria. Um dia quis vingar-se e, a medo, foi à loja adquirir um daqueles instrumentos com som de broca. Mas daqueles inofensivos que prometem domar remoinhos e caracóis rebeldes.

Apesar daquela sensação de receio, não pensou duas vezes: fechou os olhos e cortou os cabelos com a tesoura. O mais curto que pôde. Depois ligou a máquina e começou a desliza-la pela cabeça. Primeiro devagar a sempre a espreitar pelo canto do olho semi-cerrado. Depois confiantemente. Uma a uma, todas as madeixas de cabelo espesso foram caindo no chão, inertes. Um a um, todos os complexos tombaram, inofensivos. Todos os receios se dissiparam e todo o excesso de consciência de si desapareceu aos poucos.

É certo que teve que ir buscar ao fundo da gaveta os velhos gorros de lã, mas essas correntes de ar que lhe acariciaram a cabeça quase nua, vieram como um alívio. Agora domara os caracóis e os remoinhos. Agora, tinha descoberto a verdadeira forma harmoniosa do seu crânio, que sempre achara feio. Os brincos, que nunca encontrava por baixo da espessa cabeleira, estavam agora sempre ali! E agora, não se importava com nada disso! A única coisa que interessava era que agora, lavar a cabeça ia deixar de ser uma tarefa chata.




segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Saraband ou sobre repreensões ásperas e música do séc. XVII e XVIII


Foto retirada do site

"Sarabanda: s. f. música e dança em voga nos séculos XVII e XVIII; dança popular saracoteada e um tanto licenciosa, talvez de origem espanhola; pop. repreensão áspera."

"Saraband" é o título do mais recente filme do realizador sueco Ingmar Bergman. Conta a história dos pequenos grandes dramas das vidas familiares do seres humanos. E serve-se da austeridade e frieza das habitações e paisagens nórdicas para nos gelar o coração com as agressões com que as personagens se defendem da sua própria desgraça. Atacar para se defender. É esse o mote. E no meio uma jovem presa por um pai que não tem outro motivo para se agarrar à vida. É uma história que nos invade. O egoismo, o altruismo, o abuso da paternidade, a morte, a doença, a nostalgia, o ódio, o medo, o adultério, o esquecimento e o suicídio. A inércia doentia, a angústia e a aspereza das repreensões. Mas também a amizade, apesar de tudo.
Quando uma troca de palavras alimenta o rancor ao longo dos anos. Quando uma morte por doença origina uma morte em vida e uma prisão psicológica. Quando a saturação leva à ruptura e à procura da liberdade vedada por tantos anos. Quando a angústia dos outros leva ao receio da solidão e da morte. E por fim, quando tudo isto leva à tomada de consciência da existência física de um ser humano. Debilitado mas igual...

É um enredo psicologicamente pesado. Mas genialmente representado, sonorizado, ilustrado, capturado, e exposto. E quem levar pipocas, por favor, coma-as uma a uma, silenciosamente. Tenham em consideração o envolvimento na atmosfera dramática em que os outros se encontram.




Joana



Uma prendinha para alguém com comentários no mínimo, originais! Pela simplicidade e sinceridade.




sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Sobre dois filmes ou as doenças das sociedades modernas


(personagem Buscapé do filme "Cidade de Deus")

A "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, impressionou-me como poucos filmes conseguem impressionar-me... A Cidade de Deus existe com esse mesmo nome. As personagens confundem-se com as pessoas de carne e osso. E sangue.

Como não consigo lembrar-me de outro filme com as mesmas características (que eu tenha visto), vou tomar a liberdade de o comparar com "Elephant", de Gus Van Sant.

"Elephant" tem o mesmo pano de fundo que "Bowling for Columbine", de Michael Moore, e trata de um massacre que ocorreu num liceu norte americano, o Columbine. Este massacre foi perpetrado por dois estudantes fortemente armados que terão disparado indiscriminadamente contra os seus colegas. Sim, é chocante. E acontece esporadicamente. Contudo, trata-se de um problema de solução relativamente simples: controlando melhor o acesso às armas e promovendo valores diferentes nos cidadãos. Mas não é intenção deste texto criticar os padrões norte-americanos. A verdade é que ambos os filmes "Cidade de Deus" e "Elephant" deixam em nós uma série de sensações diferentes, e chegam a deixar-nos chocados, mas de forma diferente.

Se não vejamos: quando vi "Elephant" comecei por sentir-me feliz por não ter sido educada numa escola norte-americana. Depois senti-me fisicamente arrepiada e insegura pela facilidade com que se adquirem armas nos EUA. O arrepio deu lugar ao pavor a que se seguiu um enjoo e uma vontade de ir para casa a correr e nunca mais voltar a esse país. Fiz um exercício. Obriguei-me a pensar que um caso isolado não espelha uma nação inteira. Pode ser verdade. Mas também é verdade que os cidadãos norte-americanos em geral, salvo talvez, algumas excepções, são educados num ambiente de competição, materialismo, repressão até e muito plástico. São mesmo impelidos à vingança e o exemplo vem dos seus líderes, dos seus filmes e dos valores que estes implementam. Afinal, o espelho da nação inteira não é tão inocente como eu queria obrigar-me a pensar.

Regressemos agora à "Cidade de Deus". Este filme possui uma linha narrativa interessante. Conta a história de uma favela do Rio de Janeiro e da vida das tais personagens que protagonizaram histórias verdadeiras também. A vida nas favelas não é fácil. E por isso o filme não é fácil. Não vou descrevê-lo aqui, prefiro que se sintam levados a vê-lo. Vale a pena. Tal como "Elephant", aliás! "Cidade de Deus" é, contudo, especial. Ele transporta-nos por uma sucessão de acontecimentos e de sensações diferentes. Comecei por sentir-me incluída, depois invadida, triste, alegre, revoltada, enjoada e por fim aliviada, mas aquele alívio que se sabe ser apenas temporário... Mas mesmo lá no fim, no final mesmo, a sensação é de impotência total. As máfias do tráfico de drogas são um cancro real e extremamente difícil de erradicar. Digamos que são as baratas da sociedade. Elas surgem em locais húmidos, sujos e escuros. De onde todos fogem excepto quem não tem condições para procurar algo melhor. Os que lutam pelo seu dia-a-dia e sentem as alegrias, as tristezas, o medo, o nojo, a revolta... Os que são obrigados a conviver com as baratas e que se transformam nelas por falta de alternativas ou porque não sabendo melhor, se juntam por vingança. O Brasil surge como uma nação desorientada.

Depois de se ver "Cidade de Deus" fica-se com medo. Mas consegue fazer-se o exercício de pensar que aquele caso não espelha a nação brasileira. Porque ainda que alguns brasileiros possam ter fortes influências norte-americanas na sua educação, a grande maioria possui um coração com valores não materialistas. E isso faz toda a diferença. Isso faz de "Elephant" um filme de violência fria, e calculista! E faz de "Cidade de Deus" um filme violento, mas quente. E sobretudo humano. De uma humanidade bestial, quase, mas humano.

"Elephant" e "Cidade de Deus" retratam os valores frios de uma sociedade capitalista e que se diz desenvolvida e os valores mais humanos de uma sociedade flagelada pelas diferenças sociais abismais e pela luta constante pela sobrevivência face à corrupção e à pobreza.

Depois de ver "Cidade de Deus" não me sinto paternalista. Não se trata disso. Os brasileiros são fortes (têm mesmo que o ser) e todas as sociedades, sem excepções têm os seus problemas e as suas formas de lidar com eles. Mas fiquei triste, porque queria poder fazer alguma coisa, e não posso. Mas pelo menos não me apetece virar as costas ao Brasil...




quinta-feira, fevereiro 03, 2005

"booklover"



Stand de discussão de ideias, palavras, livros.




quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Anatomia



O frio atravessa-me os ossos,
O trabalho atravessa-me o cérebro,
A luz atravessa-me os olhos,
O ar atravessa-me os pulmões,
A fome atravessa-me o estômago,
E a dor atravessa-me o ventre.

Mas o amor atravessa-me o coração!




terça-feira, fevereiro 01, 2005

Campanha

Queridos frequentadores do bar aberto e apreciadores do Caipirinhas, venho convidá-los a passar pelo Caracter Estranho, para lerem as declarações que lá se encontram em concurso. Se gostarem da minha, não se inibam de votar!!
As referidas declarações encontram-se no post "Declarem-se" (a que se acede directamente clicando no coração rosa do lado direito do blog). E já agora, declarem-se também, pois então!




Concha (co-autoria)



As cores encerram poemas em si mesmas. Por exemplo, as emoções cinzentas conseguem distinguir-se perfeitamente das vermelhas e amarelas. Não que umas sejam piores do que as outras, não. São simplesmente diferentes e fazem parte do nosso percurso pelas nossas vidas. Quem fala nas cores, fala nas flores, nos animais e até nas pedras. E no resto que nos rodeia. Um blog sobre policromia, "para que nunca nos faltem as cores"!