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segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Saraband ou sobre repreensões ásperas e música do séc. XVII e XVIII


Foto retirada do site

"Sarabanda: s. f. música e dança em voga nos séculos XVII e XVIII; dança popular saracoteada e um tanto licenciosa, talvez de origem espanhola; pop. repreensão áspera."

"Saraband" é o título do mais recente filme do realizador sueco Ingmar Bergman. Conta a história dos pequenos grandes dramas das vidas familiares do seres humanos. E serve-se da austeridade e frieza das habitações e paisagens nórdicas para nos gelar o coração com as agressões com que as personagens se defendem da sua própria desgraça. Atacar para se defender. É esse o mote. E no meio uma jovem presa por um pai que não tem outro motivo para se agarrar à vida. É uma história que nos invade. O egoismo, o altruismo, o abuso da paternidade, a morte, a doença, a nostalgia, o ódio, o medo, o adultério, o esquecimento e o suicídio. A inércia doentia, a angústia e a aspereza das repreensões. Mas também a amizade, apesar de tudo.
Quando uma troca de palavras alimenta o rancor ao longo dos anos. Quando uma morte por doença origina uma morte em vida e uma prisão psicológica. Quando a saturação leva à ruptura e à procura da liberdade vedada por tantos anos. Quando a angústia dos outros leva ao receio da solidão e da morte. E por fim, quando tudo isto leva à tomada de consciência da existência física de um ser humano. Debilitado mas igual...

É um enredo psicologicamente pesado. Mas genialmente representado, sonorizado, ilustrado, capturado, e exposto. E quem levar pipocas, por favor, coma-as uma a uma, silenciosamente. Tenham em consideração o envolvimento na atmosfera dramática em que os outros se encontram.