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sábado, maio 27, 2006

Paleta de Cores

Sinto-me “z e n” – dizia ela. Sem saber bem todo o significado da palavra minúscula, sabia que lhe cabia toda a calma e boa disposição do mundo. Toda a comunhão dos seres. O seu e o dele, ali bem perto do seu. Quente e húmido. Sentia-lhe a respiração tépida humedecer-lhe o pescoço nu.

Encontravam-se estendidos na cama. Fitavam ambos o tecto branco, deitados sobre lençóis alvos. Ambos nus. Os corpos unidos por uma força magnética. Procuravam a presença física um do outro como se tivessem receio de se volatilizar em vapores de eternidade. Uma eternidade verde que se escoava pela parede-janela, vinda do jardim de bambu, plantado lá fora. Os olhos a fechar-se. Como se o sentido do tacto se pudesse diluir no branco do tecto, se os mantivessem abertos.

Silêncio.

Um peito eleva-se num suspiro. Uma mão branca desce sobre ele, como que para lhe acalmar o fogo. E desce mais, em direcção a uma barriga nervosa... Volta a subir, como que para deixar respirar o corpo enervado. No peito, querendo dividir-se em duas, decide-se pelo mamilo esquerdo. Mais perto do alcance. Demora-se em tratamentos requintados de pressão diferenciada. A língua segue os dedos. Marota.

Suspiro.

E os dentes? Os dentes provocam todo um arrepio e algumas novas protuberâncias. Centenas e milhares, mesmo. Umas mais elevadas e firmes do que outras. A pele áspera de folículos pilosos inchados. Levanta-se ele. O jogo começou na arena branca. Quer esgrimir outros argumentos de arrepiar.

Risinho.

Sobe mais um peito num suspiro mudo, apertado entre dois seios redondos. A barriga sobe, ao encontro da mão que se passeia suavemente sobre ela que se oferece a toda a superfície palmar. O arrepio não se faz esperar e varre todo o corpo feminino num quase frémito de prazer. E ainda os lábios não tocam a auréola do topo do cone peitoral direito. Branco. Agora ligeiramente ruborizado e enfeitado por uma miríade de pequenas veias azuis.

Gemido.

Quando sai a língua ao encontro de um mamilo, já o corpo é uma entidade independente de um cérebro. Só responde ao estímulo táctil de outro corpo nu e sem peso, cuja superfície quente e confortável a envolve já. As unhas abrem caminho. E pele. As costas amplas rasgam-se em veios de vermelho Sião.

Lá fora o vento sopra furiosamente e o verde vai dando lugar ao sexo.