Thank’yall ladies and gentlemen.
Eu tenho medo das superfícies branquinhas. As folhas do Word, por exemplo, transmitem-me ondas de pânico. É absurdo! Começo a carregar nas teclas à toa, encho as frases de adjectivos. Aaaaaarrgh!
Apaga.
Começa de novo.
Lembrei-me agora de uma manhã em que decidi espalhar a estupidez pela mesa, sob a forma de iogurte líquido. É. Eu agitei depois de ter aberto.
E lembro-me também do dia em que me aconselharam a escrever um romance. Pânico total! Pior que uma superfície em branco, são várias superfícies brancas, vazias... Eu gosto de paredes brancas. Assim, cheias de janelas enormes! Só luz!
Mas o meu cérebro é uma máquina estranha (também já mo disseram). Ele pensa no que ainda há para fazer. Não pensa no que já foi feito. Então. Pânico é a consequência mais natural.
Lembro-me do dia em que soube que existem rolhinhas no colo do útero. Ou podem existir. Ou não. E do dia em que tive que começar a escrever um artigo. Na verdade agora me lembro de outra coisa ainda: quando escrevi o meu primeiro artigo, foi-me dito que eu devia escrever romances... Humpf.
Mas voltando à conversa do iogurte, eu também já agitei um pacote de açúcar depois de o ter aberto. Mas aí foi de propósito... Estou convencida de que só não apanhei um estalo porque quem escapou do açúcar escondeu-me por trás de uma gargalhada sonora. Sim, sim! A gargalhada gerou uma barreira de som tão densa que a estalada fez ricochete e acabou por desintegrar-se. Só restou um sorrisinho amarelo...
Eu estava a falar de quê?
Talvez um dia destes comece um romance. Um assim a sério...
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Assim que eu souber escrever assim, eu começo.