Sobressalto

Certa manhã, acorda extremunhada e abre as cortinas. Susto! Tudo branco! O pavor motivado por experiências anteriores.

Teve que se sentar num banco ali próximo. A sala envolvida na penumbra matinal.

Recuperada, veste-se e prepara a refeição. Depois de comer, deixou a tijela dos cereais negligementemente apoiada no lava-loiças e agarrou no casaco. Já agasalhada saíu do apartamento. Verificou se a porta tinha ficado bem fechada e dirigiu-se à porta da rua. Olhou de novo para fora através do vidro. Uma angústia invadiu-a. A neve lá fora brilhava. Alva.

Abriu a porta e inspirou o ar gélido. Soube-lhe bem a frescura. Levantou um pé e poisou-o levemente na superfície exposta da rua. Qual sonda, o pé experimentou a textura do chão. Rodou, pressionou. O sapato agarrou bem.

Respirou fundo. Menos relutante, pousou o primeiro pé e levantou o segundo para fazer o teste completo. Como se o sapato agarrasse bem o chão e este não lhe fugisse debaixo dos pés, olhou para o céu e reparou que estava azul, o sol brilhava e a neve era imaculadamente branca! Sorriu e avançou confiante.