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segunda-feira, maio 02, 2005

Desafio literário

Este veio através do Sr. Professor.

P - Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
R – Encurralada num enredo onde se queimam livros, talvez quisesse ser um livro do Paulo Coelho ou talvez um da Margarida Rebelo Pinto. Pelo menos a perda não seria grande..

P - Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
R – Sempre me fascinou o velhinho personagem MacGyver... As personagens literárias que mais me marcaram foram Flora Tristán (avó de Paul Gauguin) vista por Mario Vargas Llosa (em “O paraíso na outra esquina) e o velho pescador de Ernest Emingway em “o velho e o mar” entre muitas outras...

P - Qual foi o último livro que compraste?
R – “A obscena senhora D” de Hilda Hilst. Comprei porque sei que o universo de autores brasileiros não se resume aos Paulos Coelhos que andam por aí a publicar em série, mas com pouco conteúdo e muito menos variedade.. Perdoem-me os fãs. Os gostos discutem-se, e eu não gosto.
Já Hilda Hilst... Bem diferente. Não se compara, claro. Muito livre, muito rebelde, muito boa. Deus a tenha. Respeito.

P - Qual o último livro que leste?
R –“O velho e o Mar”. Nas alturas em que se pensa desistir do peixe, vale a perseverança, o orgulho e aquela pequenina característica que também nos distingue uns dos outros: a vontade teimosa de querer cumprir o máximo de objectivos possível antes de declarar a impossibilidade da tarefa.. Se não sabem do que falo, leiam o livrinho. Ernest Emingway sabe descarnar o esforço do quotidiano.. Sem esforço.

P - Que livros estás a ler?
R – "Memórias das minhas putas tristes" de Gabriel Garcia Marquez. Desde que li “100 anos de Solidão” e “Amor em tempos de cólera” que fiquei irremediavelmente presa a este autor. Depois de ler a sua autobiografia e de perceber então o clima imaginário e fantástico que envolve sempre os seus livros e de chegar a verificar a capa do livro para ver se estava mesmo a ler uma autobiografia ou um novo romance, rendo-me. Gosto de Gabriel Garcia Marquez. Chamem-me o que quiserem. Leio também “A obscena senhora D”. Estou a gostar do estilo de Hilda Hilst. Menos linear e menos fácil do que a escrita fluida de Gabriel, mas com mais impacto, a meu ver. Mais crua. Gosto. Pronto.

P - Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
R – O livro em branco. Caderno. Para escrever. Não suportaria passar sem escrever.. Levaria também “Em buca do tempo perdido” de Marcel Proust. É um livro em vários volumes, excelente para leitura em ilha deserta. Convida à reflexão. Levaria também um livro do Quino (como passar sem a minha rica banda desenhada? E o humor do Quino é boa companhia). Talvez levasse também “Os filhos do Capitão Grant”, de Júlio Verne (mais uma batota, é um livro em três volumes, mas fascinantemente bem escrito, sobre a procura e alguém passando pela paisagem inóspita mas fascinante da Patagónia e pela vontade imprevisível dos mares revoltos). Por fim, levaria a “Triologia do assombro”, da Helena Jobim. Só para relembrar um pouco dos pequenos sofrimentos conjugais do quotidiano. Ou melhor, a natureza das emoções humanas. Com um pouco de sentimentalismo, é verdade, mas tão bem explorado que uma pessoa se deixa embarcar na leitura sem se sentir demasiado invadida por um sensacionalismo vulgar.

P - A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
R – À Elvira, porque me parece que ainda não recebeu este desafio e porque me desafiou uma vez e porque fico curiosa em relação ao que responderia ela.
Ao Ulisses porque um dia lhe pedi uma lista de autores e ele não teve ainda tempo de a compilar. rsrs
Ao André porque escreve muito bem e deve ter influências interessantes. Porque todos vamos beber a fontes.
Ao Du, quando ele re-activar o seu blog.
À booklover por razões obvias! ;]
Camilinha, se quiseres responder, também tenho uma certa curiosidade em relação às tuas fontes. ;]