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segunda-feira, janeiro 31, 2005

O sol lá fora

O sol lá fora fere os cones e os bastonetes. Vi um pardal com um cisco no olho minúsculo e um cão com óculos escuros. Quando voltei a olhar para a escuridão cá de dentro, não vi nada. Não vi nada a princípio. Porque depois comecei a vislumbrar os contornos dos móveis, dos livros na estante e do teu rosto tão luminoso.

A luz cá dentro não fere. Não é crua como a do sol lá fora. Vi-te desenhado na parede em contornos de luz suave e sombra clara. Agora, ao som da voz da Amy Irving, “Why don’t you do right”, volto a pousar o olhar na luminosidade diluída do ecrã. Mergulho na obscuridade dos meus afazeres. Ficaste espetado na minha alma com um “pionés” de emoções. Possuis um brilho amarelado de latão desgastado pelo tempo, o meu preferido.